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O Processo Diagnóstico da Saúde Mental no Trabalho

Atualizado: 18 de out. de 2021

Diante do pressuposto de que o trabalho pode ser caracterizado como uma ferramenta de estruturação da vida do sujeito e da sociedade, ou seja, que esse tenha um papel na construção do ser humano, faz-se possível estabelecer uma relação concreta entre o bem- estar da pessoa frente suas condições de trabalho e as enfermidades que possam surgir durante sua fase como trabalhador ativo. Dessa forma, pode-se entender como principal motivo para se desenvolver um Diagnóstico de Saúde Mental e Trabalho a busca pelo encontro de um padrão de qualidade da organização. Este mantido entre a saúde dos funcionários e a produtividade da empresa.



Assim como no contexto geral da Psicologia, no que tange a relação entre a Psicologia, a Organização e a Saúde Psiquíca, encontra-se sérias diferenciações nas possíveis formas de estudo e compreensão sobre o tema. Em função disso, cria-se uma série de tensões entre técnicas, uso de conceitos, por exemplo, para análise da Saúde Mental no Trabalho. Em uma tentativa de minimizar o conteúdo dessas tensões tem-se adotado para realização do Diagnóstico o uso de várias técnicas de forma simultânea, já que a utilização de uma só técnica pode levar ao bloqueio do profissional a um único nível de interpretação do problema da Instituição em estudo.


Como a abordagem Psicossociológica prevê a multicausalidade do problema psíquico no trabalho, estando atento às condições externas e internas do mesmo, faz-se possível o feito de um Diagnóstico em distintos níveis de abrangência, aproximando-se melhor da realidade e evitando-se a generalização ou a particularidade da informação, ou mesmo para adoção na Organização de uma perspectiva epidemiológica frente as condições de trabalho pré-existentes. Além de com o uso de técnicas diferentes se manter a interdisciplinaridade do serviço prestado­ não caindo no dualismo metodológico entre as técnicas qualitativas e quantitativas, uma vez que o Diagnóstico é também uma ação de pesquisa. Dessa forma, torna-se possível ao psicólogo mapear e exaltar o nexo entre o adoecimento e o trabalho. Entre as técnicas utilizadas estão: recursos técnicos estatísticos (com utilização de questionários estruturados), análise de conteúdo, análises documentais, registro de imagens, observação, etc.


A Epidemiologia é conceituada como a área da Ciência que busca compreender a incidência de certa doença em uma categoria pré-estabelecida, preocupando-se simultaneamente com o adoecimento e com o reestabelecimento da saúde. Busca-se então, a razão das vulnerabilidades daquela parcela estudada, para entender o porque dessas terem se tornado focos de doenças. Visto que acredita-se que para que ocorra uma endemia faz-se necessário circunstâncias que potencializem os sintomas ali existentes.


Em função dessa caracterização pode-se estabelecer uma relação entre a área da Epidemologia e o Desenvolvimento de Diagnósticos de Saúde Mental no Trabalho, pois este, assim como a primeira normalmente visa resolver um problema da organização de forma generalizada, sem impedir que essa resolução seja feita de forma individual. Além de ter como um dos focos de estudo a relação mente – corpo, que traz como uma de suas facetas, a relação entre o trabalho e o bem-estar psíquico do trabalhador, ou seja, procura-se o nexo causal entre doenças e alterações psíquicas no colaborador. Contudo, na epidemiologia empresarial enfrenta-se como dificuldade para sua realização a precaridade de informações quanto a um possível “adoecimento” por certas instituições; o que pode provocar um aumento da probabilidade de deslocamento do problema psíquico para uma enfermidade física.


Os conceitos de Diagnóstico e Intervenção estão muito relacionados no âmbito da Psicologia do Trabalho, o que traz em alguns contextos certa confusão entre os conceitos; além das distinções já existentes entre os mesmos em função das distintas abordagens possíveis a partir das quais podem ser elaborados e nas quais seus conteúdos podem se tornar distintos em função do foco tomado por cada uma delas como principal.


Contudo, de forma geral o Diagnóstico pode ser entendido como uma forma de intervenção, por ser parte integrante do processo de ação, de uma alteração na instituição, assim como, uma forma de preparação e embasamento para se entender o que deve ser alterado na organização para se buscar a melhora da qualidade da saúde dos colaboradores. Enquanto, entende-se a Intervenção como a própria atuação prática na estrutura da instituição, ou mesmo uma atitude prevencionista, visto que os psicólogos são frequentemente chamados às instituições quando há manifestações sintomáticas do problema.


Dessa forma, as intervenções ocorrem com um caráter pontual, sem se aprofundar nas causas do adoecimento, o que intensifica à adoção de estratégias de controle pouco efetivos. Ao contrário do Diagnóstico que possui um caráter investigativo e de apoio e aproximação maior com a realidade do trabalhador, resultando em estratégias de alteração com melhoras a longo prazo e atuações menos superficiais.

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